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Capítulo 15: CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE

Página 96
saltando de várzea em várzea, descalço, e lavado em suor da rápida corrida, foi dizer à mãe que avisasse o doutor de que a sua casa era assaltada à meia-noite por dez homens; mas que juntamente com os dez ia ele.

- E não lhe diga mais nada, senão que eu vou também - rematou o Calvo.

Bem informado tinha dito o abade que os Monizes possuíam poucas armas e poucos homens de defesa. Ainda assim eram sete. O teólogo opinou que fugissem imediatamente todos. Contestou Francisco, arrazoando que não havia tempo de carregar baús, nem, se partissem, evitariam que os salteadores alojados na abadia, picando-lhes a retaguarda, se não senhoreassem da bagagem, cuja defesa era impossível por homens mal armados, contra dez facínoras de ofício.

O que a todos afligia era a presença de Ricardina. Bernardo meditava em transferi-la para casa segura na vizinhança. Perto de ali demorava uma família de lavradores e padres, aparentados com os Monizes. O alvoroço de todos não dava largas a discussões. Ricardina, pálida de terror, aceitava tudo contanto que Bernardo se não separasse dela. O teólogo reduziu-a a dispensar-se da companhia do seu irmão, visto que a falta dele perigava muito a defesa da casa. Convieram em sacrificar à necessidade as lágrimas da senhora. Abraçaram-se os dois soluçando ansiadamente.

Saiu o teólogo a levar Ricardina e o velho a casa dos padres, cuja amizade e parentesco, sendo capaz de muitas provas, vacilou em tomar conta da filha do sanguinário abade, cuja notória fereza os atemorizava, e nem eles simpatizavam grandemente com o procedimento da fugitiva noviça. Sem embargo da repugnância, deram agasalho ao velho e a Ricardina, recomendando-lhes de antemão o maior segredo, por medo que tinham da cólera do abade.

Quatro irmãos e três criados eram os preparados defensores.

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pág. 96 (Capítulo 15)

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Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 96

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177