As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 28: XXVIII Pág. 192 / 332

XXVIII

Passou todo o mês de Agosto e parte do de Setembro, sem que se celebrasse o casamento de Pedro e de Clara.

Pequenos estorvos, os quais será inútil referir aqui, baldaram a diligência, com que andara o reitor em obter os papéis necessários às duas partes contraentes.

O padre estava ansioso por proclamar, à missa conventual, os primeiros banhos, e não cessava de interrogar o lavrador sobre o andamento, em que iam os preparativos domésticos para as bodas do filho.

José das Dornas dava a entender que depois do S. Miguel era a ocasião mais favorável para a solenidade, visto que a cobrança das rendas lhe permitiria então fazê-la com o esplendor devido.

A ansiedade na aldeia era imensa, porque todos conjecturavam já quanto teriam de memoráveis umas bodas em casa do abastado e liberal lavrador.

Achava-se terminada a principal colheita de milho e não se fixara ainda o dia, em que tão falada e prometedora festa deveria realizar-se.

Em consequência de tais delongas, à primeira esfolhada em casa do José das Dornas assistiu ainda Pedro, como rapaz solteiro.

Esta circunstância não foi sem influência na sucessão dos acontecimentos que temos para narrar.

Concorramos nós também a este serão campestre, que assim nos é necessário.

Julgo que pequeno será o número dos leitores, que não tenham assistido a uma esfolhada na aldeia ou que, pelo menos de tradição, não saibam a índole folgazã e traquinas deste género de trabalho, do qual ninguém procura eximir-se; pois antes espontaneamente correm de toda a parte a oferecer-lhe braços.

É que não há outros serões mais divertidos também.

Ali todos riem, todos cantam, todos se abraçam, e se beijam até; e fala-se ao ouvido, e graceja-se e dança-se, e





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