O homem, que bradava assim, era João Semana, que voltava àquela hora de uma visita distante. Vendo Clara a fugir tão apressada, conjecturou que ela se assustara, supondo-o algum facinoroso ou mal-intencionado, e por isso berrava para lhe fazer perder o medo.
Mas, ao aproximar-se da fonte, o velho cirurgião descobriu alguma coisa, que lhe pareceu procurava ocultar-se dele.
- Hum! - murmurou consigo o velho. - Pelos modos, o susto da rapariga era de outra espécie... Há-de ser o Pedro.
E acrescentou em voz alta:
- Olá, não fujas, rapaz; não é crime nenhum vir falar assim com uma noiva; ainda que para dizer a verdade, escusava de ser tanto às escondidas, escusava.
E com isto foi dirigindo o cavalo para aquele vulto, que parara, desde que viu que não podia fugir sem ser percebido. À medida que se aproximava, João Semana principiava a duvidar que fosse Pedro o homem da entrevista nocturna.
Parecia-lhe menos corpulento do que o primogénito de José das Dornas.
A esta suspeita, sulcou uma ruga profunda o longo da fronte do honesto celibatário, que decidiu consigo averiguar aquele mistério.