anos, pedindo a Daniel que a diagnosticasse, e lhe expusesse o tratamento que a devia ter salvo; em contraste com esta medicina retrospectiva, vinha uma rapariga perguntar, muito ingenuamente, se lhe poderia fazer mal o ir a uma romaria daí a oito dias; José das Dornas também quis saber se o caldo de abóbora era melhor para a saúde, do que o de nabos. Uma velha interrogou Daniel sobre a doença das galinhas, e o próprio Pedro, tentado por este exemplo, fez algumas perguntas sobre a dos perdigueiros.
Daniel via-se em talas para satisfazer a tantas exigências, que não timbravam de racionais, e procurava deslindar-se airosamente delas, com aquele desculpável grau de charlatanismo, mais ou menos correcto e disfarçado, que todas as sociedades do mundo, rústicas e urbanas, são as primeiras a exigir aos médicos. Querem elas que se lhes responda sempre e com desafogada segurança, às suas interrogações absurdas, preferindo serem iludidas a ficarem sem resposta, a qual muitas vezes, em consciência, medicina alguma do mundo lhes poderia dar.
Peço, portanto, um bill de indemnidade para Daniel.