Um oficial de pedreiro de Prazins, que trabalhava com o mestre Zeferino, contou-lhe que uma noite se enganara com o luar, e, pensando que era dia nado, se levantara para ir para a obra; mas que ao passar por diante da casa do Simeão ouvira duas horas no relógio, e vira luz pelas frestas de uma janela. Que se pusera à coca debaixo de um carvalho, a desconfiar que a luz àquela hora não era coisa boa, e estivera, vai não vai, à pernas para que te quero, lembrando-se se seria bruxedo ou alma penada, porque se dizia que a Genoveva do Simeão, a que se deitara ao rio, não podia entrar no purgatório, e morrera com o diabo no corpo, salvo seja. Estava nisto quando a luz se sumiu, e se coou pelas frestas de outra janela, e logo depois noutra mais baixa, onde um homem podia chegar com o cabo de um machado. Nisto apagou-se a luz e abriu-se a janela de portadas sem vidros. Dava-lhe a chapada do luar; era como se fosse dia. O pedreiro, muito no escuro da ramaria do carvalho, viu apontar uma cabeça e depois meio corpo de homem, que se pôs às cavaleiras do peitoril da janela, manteve-se a olhar e a escutar a um lado e outro; depois desmontou-se muito devagarinho, sem tugir nem mugir, pendurou-se no peitoril e deixou - se cair, ficando em pé. A janela fechou-se, e o José dias, que o operário conheceu como se o visse ao meio-dia, meteu-se ao caminho de Vilalva, por sinal que levava sapatos de borracha que brilhavam ao luar como um espelho.
O oratoriano Manuel Bernardes, como é notório, escreveu um livro edificante, muito piedoso, chamado armas da castidade. O místico filho de S.
Filipe Néri, com duas palavras sãs, de um realismo seráfico, cabalmente explicou a situação de outro José dias a respeito de outra marta, conhecia-lhe o leito, dizia ele.