O regedor disse que não - que nunca tinha feito mal a ninguém, nem sequer prendera um refratário: que o mais que podiam fazer era tirar-lhe o governo.
José dias tinha medo às cobardes ameaças do Zeferino; diziam-lhe que o pedreiro jurara matá-lo, e já constava que era ele o chefe da guerrilha, em que se alistaram todos os ladrões e assassinos conhecidos na comarca. A mãe empurrava-o pela porta fora - que fugisse para Caldelas; que não fosse o diabo armar-lhe alguma trempe por causa da marta, da tal bebedinha que não dera cavaco ao pedreiro. Ele deitou o selote à égua e fugiu a galope; mas o regedor, com a sua consciência ilibada, esperou os revoltosos com o Zeferino à frente, brandindo a espada do pai, que não se desembainhara desde o ataque a santo urso.
- Está você preso por cabralista! - intimou o pedreiro, deitando-lhe a mão à lapela da véstia; e voltado para a turba: - rapazes, cercai a casa; tudo que estiver, preso!.
- Os meus filhos saíram; mas entrem, busquem à vontade - disse o regedor; e, olhando para o pedreiro, ironicamente: - ah seu Zeferino, seu Zeferino, você não veio aqui para me prender a mim... É outra história que você lá sabe. Isto de mulheres são os nossos pecados, mestre Zeferino...
- Não me cante! - bradou o das lamelas com furiosos arremessos. - está preso, e mexa-se já para a cadeia.
- Você não pode prender-me, mestre Zeferino - contrariou a autoridade dentro da lei. - vá buscar primeiro uma ordem do meu administrador ou do governador civil.
- Já não há governador civil! - explicou o caudilho. - agora são outros governos, seu asno! Quem reina é o Sr. D. Miguel I. E você não me esteja aí a fanfar, que eu já não o enxergo. Ande lá para a cadeia, com dez milhões de diabos!
O regedor entrou em vila nova de Famalicão na onda de alguns milhares de homens e rapazes que davam vivas a D.