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- Que há? - perguntou o quartel-mestre-general.
- Já que estamos cercados pelos Cabrais. Os nossos piquetes de santa luzia e do castelo já foram atacados, e ouve-se fogo de fuzil em outros pontos. Veja lá o que quer que eu faça.
O Vitorino ficou passado de terror, e levou o capitão à sala em que o Macdonell passeava pelo braço de D. Emília azenha, e o visconde, o hospedeiro fidalgo palestrava com numerosos hóspedes, cónegos, abades, capitães-mores, antigos magistrados. Pinho leal repetiu ao escocês o que dissera ao seu quartel-mestre. “Ó alma do diabo - escreve o Sr. Pinho leal - ficou com a mesma cara imperturbável, disse-me: isso vale nada. Tenho tudo prevenido. Mande recolher a gente a quartéis.” Mas a dama assustada desprendeu-se do braço do general, e foi preparar os baús para a fuga; e os do estado - maior compeliram o general a fugir também. Era uma hora da noite quando o exército realista abandonou Guimarães e entrou na estrada de Amarante.
Pinho leal inventara o ataque dos cabralistas para salvar-se a si e aos outros da carniçaria inevitável; porque, ao romper a manhã do dia seguinte, entraram em Guimarães seiscentos soldados do casal ainda embriagados da sangueira de braga. Reproduzem-se textualmente no seu estilo militarmente pitoresco os veracíssimos esclarecimentos de pinho leal: ...a besta do escocês continuava na sua pânria sem se importar da guerra para nada, e o mesmo faziam os da sua “corte”. Eu, vendo que de um momento para outro, podíamos ser surpreendidos e trucidadas pelos Cabrais, aproveitando a circunstância de estar “superior do dia” e tendo na casa da câmara um “suporte” de cem homens, comandados pelo alferes José maria (o morgado do triste) dei-lhe a ele somente parte do que ia pôr em execução.