Assim que o aço da baioneta raspou na parede, a senhorinha começou a dar gritos, sentou - se a espernear, e perdeu os sentidos.
- Que diabo tem a velha?! - perguntou o pílula. Dão-lhe estupores, bem?
- É flato, costuma-lhe a dar - elucidou o abade. O 24 voltara-se a ver a velha escabujar, e retirara a baioneta de trás idas pipas. O abade teve um momento de esperança, cuidando que o exame estava feito:
- Tem visto, senhor sargento? Aqui não há nada. Os senhores vieram enganados a minha casa. - e caminhou para a porta com a luz.
- Espere aí, seu padre! Anda-me com a baioneta, 24. Escarafuncha-me esses ratos.
O outro soldado entrou no mesmo exame; e, apenas as baionetas resvalaram por corpo que lhes abafava os tinidos metálicos das pontuadas, ouviu-se um grande estrupido de coisa que trepava pelas pipas. E nisto apareceu uma cabeça com enormes barbas sobre um dos tampos.
- Oh! - bradou o pílula - muito bem aparecido nesta função, Sr. D. Miguel i!
Suba para cima desse trono e dê lá de cima um bocado de cavaco às tropas! Mas o melhor é descer cá para baixo, real senhor!
O 24, muito espantado, a olhar para a cabeça do homem:
- Parece o padre eterno, ó meu sargento!
- Com quem ele se parece é com o remexido do algarve - afirmava o 14.
- Desça daí que ninguém lhe faz mal, homem. Está preso à ordem do governador civil - concluiu o sargento com seriedade imponente.
- Este senhor?... Não... - disse o abade com as mãos postas (*).
[(*) São as textuais palavras e a atitude do padre, significativas da crença entranhada na realeza do preso, e da sua paixão naquele lance. Parece que intentava mover à piedade a escolta, increpando-a pela profanação de pôr mãos no rei legítimo. (informação de ferreira de andrade.