Redarguiu o administrador do concelho ao governador civil que pedia a sua demissão para não sofrer a inevitável e desairosa derrota.
Quis assim o Governo aliciar no círculo algum proprietário, que contraminasse a influência do candidato legitimista, fazendo-se eleger. Alguns lavradores, menos aferrados à candidatura de Calisto, lembraram à autoridade o professor de instrução primária, estropeando frases dos discursos dele, proferidos na botica. O administrador riu-se, e mandou-os bugiar, como parvajolas que eram.
Por derradeiro, o governador civil fez saber ao ministério que os povos de Vimioso, Alcanissas e Miranda se haviam levantado com selvagem independência e tinham fugido com a urna para os desfiladeiros das suas serras.
Pelo conseguinte, não pôde ser proposto o poeta, que, beliscado na sua vaidade, assanhou-se contra o Governo, escrevendo umas feras objurgatórias, as quais, se tivessem gramática à proporção do fel, o Governo havia de pôr as mãos na cabeça e demitir-se.
À excepção de uma lista, o morgado da Agra de Freimas teve-as todas. A que não tinha o nome simpático aos eleitores votava em Brás Lobato, professor de instrução primária, secretário da junta de paróquia, e ex-sargento das milícias de Mirandela. Parece que votara em si o mestre-escola. Afinal, maculou a alvura do nobilíssimo desprendimento com que perorara em pró da eleição de Calisto! Fragilidade humana!