A Queda de um Anjo - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 184 / 207

Em Outubro daquele ano, a frisa dezasseis do teatro de S. Carlos expôs uma cara desconhecida de todos, excepto de alguns rapazes da nata social que a tinham visto de relance, entre as aves e flores de Sintra. Era Ifigénia, a formosa no novo-mundo, que uns chamavam a feição genuína da Circássia, outros a romana herdeira do perfil correcto das Faustinas e Fúlvias; e os mais circunscreviam a sua admiração à mulher dispensando-se de lhe esquadrinhar o tipo.

De feito, Ifigénia era beleza das que somente se assemelham propriamente a si.

Ao lado desta mulher estava um homem, cuja nobre e fidalga presença abonava e encarecia a qualidade da dama: era o morgado da Agra de Freimas, Benevides de Barbuda.

A opinião pública da plateia e camarotes estava ou duvidosa ou indecisa. Aqui dizia-se que Ifigénia era parenta do cavalheiro; além desdouravam-lhe a posição, sem contudo os rostos se voltarem corridos do escândalo.

Ifigénia, à saída do teatro, entrava numa luxuosa caleche tirada por hanoverianos soberbos. Calisto Elói apertava a mão da dama, e entrava noutra sege. A caleche parava na rua de S. João dos Bem Casados, no pátio de um palacete; o morgado apeava da sege em frente do hotel inglês, a Buenos Aires.

As pesquisas cincavam nesta diversidade de paragens. Sabia-se que o deputado frequentava o palacete a horas em que se visitam senhoras cerimoniosamente. Sabia-se que morava ali a viúva do general Ponce de Leão, o qual morrera ao serviço do Brasil.





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