Brás Lobato, antigo sargento de milícias, e antigo borra de frades franciscanos, era legítimo homem para farejar Calisto em Lisboa. Cuidou ele que encontraria o marido de D. Teodora de Figueiroa nos lugares mais celebrados e admirados da capital, segundo é fama nas províncias. Como o não encontrasse na Memória do Terreiro do Paço, foi procurá-lo ao Aqueduto das Águas Livres. Depois de baldadas estas pesquisas, outro qualquer sujeito desanimaria. Brás Lobato, porém, resolveu ir ao Paço das Necessidades em busca do seu patrício, porque, no seu modo de julgar as correlações dos altos poderes do Estado, Calisto Elói devia frequentar regularmente a casa real.
Perguntou o mestre-escola afoitamente à sentinela do paço se o representante nacional, morgado da Agra, estava em palácio. A sentinela mandou-o entrar, e que perguntasse ao comandante da guarda. O comandante mandou-o a um fidalgo que vinha descendo, e o fidalgo interrogado mandou-o à fava.
Com o que, Brás Lobato saiu à rua, e perguntou a um aguadeiro se ali não morava o rei. E, como soubesse que a família real estava em Sintra, conjecturou que os deputados, e particularmente Calisto, deviam estar em Sintra para de lá governarem a Monarquia.
Chegou o mestre-escola a Sintra, e descavalgou do jumento portador, à porta do palácio. Fez as suas perguntas à sentinela com aquele ar marcial que lhe ficou das milícias. Esperou a vinda de um camarista, velho fidalgo atencioso, que sorriu da suspeição do provinciano, e lhe disse que o deputado Calisto Elói residia no hotel do Vítor.