A Queda de um Anjo - Cap. 28: Capítulo 28 Pág. 157 / 207

Dois meses depois de fechado o Parlamento, D. Teodora Figueiroa, farta de escrever cartas, e de esperar respostas que lhe iam à razão de uma por dez, mandou chamar aquele Brás Lobato, professor de instrução primária, e, com os olhos vermelhos de chorar, abriu do peito opresso estas palavras:

— Que me diz vossemecê, Sr. Brás, à demora do meu homem?

— Eu estou passado, fidalga! — disse o mestre-escola empunhando e sacudindo o queixo inferior. — Seu marido, a minha opinião é que ficou por lá embeiçado nalguma mulher. Lisboa é uma Babilónia, fidalga. Quem para lá vai com um bocado de temor a Deus, perde-o; e quem não tiver muito lume no olho, e alguns anos de tarimba e experiência do mundo, como eu, pode contar que em lá chegando fica à expressão mais simples.

— E que é ficar reduzido à… quê? como disse vossemecê? — perguntou D. Teodora.

— Quero dizer que dá com as canastras na água. Foi o que sucedeu ao fidalgo, futura-se-me isto! Sábio era ele, mas faltava-lhe a prática do mundo. Foi uma asneira mandá-lo a Cortes; eu bem não queria… mas enfim… tanto me azoinaram os abades e os lavradores, que eu deixei-me ir com os outros… (O impostor que tinha votado em si!) E que diz ele nas cartas a V. Exa.?

— Lá por milagre recebo alguma… Aqui tem vossemecê a que veio aqui há dias atrás. Ora leia lá isso.





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