Fecharam-se as Câmaras.
Calisto Elói desamparara a sua cadeira do Parlamento, quinze dias antes de encerrada a legislatura. Era opinião geral que o deputado de Miranda, desgostoso do Governo e da oposição, se retirara, convicto da fraqueza de seus ombros contra o colosso que tombava sobre o dessangrado Portugal.
As gazetas realistas indigitavam Calisto como exemplo de peito ilustre e invulnerável no marnel de febres podres em que ardiam e patinhavam miseráveis ambiciosos. Deram-lhe, à conta disso, vários nomes gregos e romanos, que lhe ajustavam tão a primor, como a verdade histórica à legenda das fabulosas virtudes de Grécia e Roma. A oposição liberal lamentava que as medidas obnóxias e híbridas do Governo afugentassem da Câmara um deputado como Benevides de Barbuda, a cuja alta inteligência e virtude repugnavam os desatinos da camarilha. Calisto Elói lia estas coisas nas gazetas, e dizia entre si:
— Como hei-de eu crer no que vejo escrito a respeito dos outros!…
Ao tempo que estes juízos dos publicistas eram impressos e mandados à posteridade, estava o morgado da Agra no hotel de Sintra, cuidando em alugar e trastejar com elegância britânica uma casa, entre moitas de arbustos, a qual parecia feita para a rainha das flores ou para repousar-se em fresca sesta a Aurora.
Decoradas as paredes interiores, cobertos de oleado os pavimentos, e afestoadas as paredes exteriormente com lilases e jasmineiros, baunilhas e heras de verdejante urdidura, entrou naquela casa