Deixá-lo ser feliz: deixá-lo. Calisto Elói, aquele santo homem lá das serras, o anjo do fragmento paradisíaco do Portugal velho, caiu.
Caiu o anjo, e ficou simplesmente o homem, homem como quase todos os outros, e com mais algumas vantagens que o comum dos homens.
Dinheiro a rodo!
Uma prima que o preza muito!
Dois meninos que se cavalgam no costado!
Saúde de ferro!
E barão!
Conjectura muita gente que ele é desgraçado, apesar da prima, do baronato, dos meninos, do dinheiro e da saúde.
E, como já disse, não sei realmente se lá no recesso daqueles arcanos domésticos há borrascas.
Na qualidade de anjo, Calisto sem dúvida seria mais feliz; mas, na qualidade de homem a que o reduziram a paixões, lá se vai concertando menos mal com a sua vida.
Eu, como romancista, lamento que ele não viva muitíssimo apoquentado, para poder tirar a limpo a sã moralidade deste conto.
Fica sendo, portanto, esta coisa uma novela que não há-de levar ao céu número de almas mais vantajoso que a novela do ano passado.
FIM