São deuses das portas, mas também são deuses dos limites: cada qual tem ciúmes do outro, impõe ao outro limites. Tornam possível a vida mas fazem-na limitada. Tal como os testículos, mantêm para sempre o equilíbrio fálico, são as duas testemunhas fálicas. São os inimigos da embriaguez, do êxtase e da licenciosidade, da liberdade licenciosa. Perante Adonai são testemunhas constantes. Por isso mesmo, os homens das cidades licenciosas se regozijam quando a besta que sobe do abismo - que é o dragão ou o demónio infernal da destruição da terra ou do homem físico acaba por matar estes dois «guardas», em Sodoma e no Egipto considerados como uma espécie de polícias. Durante três dias e meio, o corpo de ambos os assassinados repousa insepulto; quer dizer, metade de uma semana ou metade de um período de tempo, durante a qual toda a decência e toda a contenção fogem de entre os homens.
A linguagem do texto - «alegrar-se-ão sobre eles, e farão festas, e mandarão presentes uns aos outros» - lembra uma saturnália pagã como a Hermaia de Creta ou a Sacaia da Babilónia, a festa da desrazão.