No tempo de Jesus, os homens interiormente fortes tinham perdido, por todo o lado, a vontade de mandar na terra. Desejavam desviar de leis e poder terrestres a sua força e aplicá-la a outra forma de vida. Por isto mesmo os fracos começaram a levantar a cabeça e a sentir uma presunção desmesurada, começaram a exprimir o seu progressivo ódio perante os «obviamente» fortes, os homens que detinham o poder terreno.
E assim foi que a religião, em especial a religião cristã, se fez dúplice. A religião dos fortes pregava a renúncia e o amor; a religião dos fracos pregava: abaixo os fortes e os poderosos, e que os pobres sejam glorificados. Como no mundo há sempre mais gente fraca do que forte, o segundo tipo de cristianismo é que triunfou e triunfará. Se os fracos não forem dominados, serão eles a dominar; e acabou-se. A regra dos fracos é: abaixo os fortes!
A grande autoridade bíblica deste grito é o Apocalipse. Os fracos e os pseudo-humildes hão-de varrer todo o poder, toda a glória e as riquezas terrenas da face do mundo; e então eles, os verdadeiros fracos, reinarão. Haverá um milénio de santos pseudo-humildes horrível de contemplar, mas é exactamente neste ponto que a religião hoje está: derrube-se toda a vida intensa e livre, e que os fracos triunfem, e que os pseudo-humildes reinem. É a religião da autoglorificação dos fracos, o reino dos pseudo-humildes. Na religião e na política, é este o espírito da sociedade actual.