Apocalipse - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 8 / 180

De tal forma lhe conhecemos o significado superficial ou popular, que está morto, nada mais nos dá. Pior ainda: por força de um velho hábito que equivale quase a um instinto, impõe-nos toda uma forma de sentir que agora nos é repugnante. Detestamos a sensação de «igreja» e catecismo que a Bíblia por força nos impõe. Queremos desembaraçar-nos de toda essa vulgaridade - pois de vulgaridade se trata.

Avaliada superficialmente, a Revelação talvez seja o mais detestável livro da Bíblia. Tenho a certeza de que o ouvi e li dez vezes até aos meus dez anos de idade, sem o compreender nem lhe prestar verdadeira atenção. E mesmo sem saber nem pensar nada a seu respeito, tenho a certeza de que me despertou sempre uma verdadeira aversão. E provável que, sem reparar, desde muito tenra idade eu tenha detestado a sua lenga-lenga solene e prodigiosa, a ruidosa forma como todos o lêem, quer sejam pregadores, professores ou comuns cidadãos. Detesto até ao fundo das entranhas a voz de «pregador». E, lembra-me agora, essa voz ainda era mais detestável quando declamava um trecho da Revelação. Não posso deixar de estremecer quando relembro frases que ainda me obcecam porque as oiço com o tom afectado e declamatório dos pastores dissidentes-: «Depois, vi o céu aberto, e eis que apareceu um cavalo branco, e o que estava montado em cima dele se chamava... 3»





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