.. perdida.
E Margarida calou-se, depois de fazer esta reflexão.
Clara olhou algum tempo para a irmã, sem dizer palavra também; em seguida replicou, parando de trabalhar:
- Fala-me claro, Guida. Dize o que me tens a dizer. Que precisão tinhas de vir com isso, para me dares um conselho? Alguma coisa fiz eu, que te desagradou. Vamos, dize o que é. Acaso já deixei de escutar-te alguma vez como tu mereces?
- Tens razão, Clarinha. Eu devia ter mais ânimo para te falar… para te dizer certas coisas, vendo como tu me atendes sempre...
Mas, que queres? ao mesmo tempo, tenho tanta confiança em ti, que pergunto a mim mesma se valerá a pena estar a mortificarte assim...
- Mas então que mal tenho eu feito?
- Ora! que responda a tua consciência, Clarinha; pergunta-lho.
- Não sei... - disse Clara, um pouco perturbada.
- Não é de nenhum pecado mortal que ela te acusará, de nenhum crime muito negro; sossega. Mas duma culpazita... duma fraqueza dessa cabeça, um pouco mais leve, do que para uma noiva se queria.
- Bom. É o sermão do costume. Já vejo - disse, sorrindo, Clara. - Sabes ao que acho graça? É a não ser o Pedro que o prega.
Esse tinha mais desculpa. Mas então que fiz eu assim de maior?
- Ora vamos. Para que precisas que eu to diga? Ia afirmar que, agora mesmo, o estás a dizer baixinho a ti própria.
Houve um pequeno silêncio entre as duas.
No fim dele, Clara ergueu a cabeça, dizendo:
- Sim; parece-me que sei o que é. O Sr. Reitor já no outro dia me deu a entender o mesmo. É por eu falar com o Sr. Daniel, quando ele passa por aqui? Santo nome de Maria! Como há-de ser isto então? não me dirás, Guida? - continuava Clara jovialmente.
- Como hei-de eu, depois de casada, deixar de conversar com o irmão de meu marido? Que ideia fazem de mim, tu, o Sr.