Para dar maus exemplos, temos cá infelizmente bastantes. E quando o pano é assim em amostra, que fará a peça inteira!
- Mas que lhe havemos de fazer agora?
- Se te guiares pelos meus conselhos, aí tens um plano: deixa- -te de ordenar o rapaz. Pega nele e remete-mo quanto antes para um colégio, onde lhe não deixem pôr o pé em ramo verde. Fá-lo depois médico... advogado... o que quiseres e que a ele não repugne...
- Então quer dizer que o mande para Coimbra?
- Para Coimbra?... Eu sei?... Homem, a falar a verdade, semente desta em Coimbra é para dar uns frutos por aí além. Para o Porto, onde ele possa estar sob as vistas dos parentes que lá tens, vai muito melhor. Põe-mo a cirurgião. Eles, hoje, dizem que saem de lá como de Coimbra, e olha que é uma boa carreira. O nosso João Semana está velho, e, morrendo ele, não temos por aqui mais ninguém. Mas é preciso tratar já disso. Impõe-me o rapaz daqui para fora, se queres fazer dele alguma coisa de jeito.
- Mas, ó Sr. Reitor, e quem era a cachopa?
- Isso agora já não é da tua conta. Faze o que eu te digo, e deixa o resto.
E, nestes termos, se separaram os dois, tomando cada um a direcção da casa.
José das Dornas ainda esteve por algum tempo impressionado com o que lhe acabara de dizer o reitor.
Há notícias de uma digestão demorada e laboriosa, como a de certos alimentos.
Enquanto ela dura, o espírito não se acha à vontade e como que se agita sob a influência de uma incómoda sensação; mas, pouco a pouco, opera-se um íntimo trabalho assimilador, acalma-se a espécie de febre digestiva, que acompanhara aquela elaboração mental, e tudo entra na ordem. A notícia, que nos impressionara, perde enfim quanto se nos havia figurado ter de estranho; sentimo-nos mais livres, e em mais felizes disposições para encararmos os factos.