As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 39: XXXIX Pág. 281 / 332

- Ora aqui vem, quem nos traz novidades fresquinhas - exclamou, ao vê-lo entrar, a Sr.ª Teresa, que apesar da opinião que lhe ouvimos sobre o poder nutritivo das aparas de hóstias e escorralhas de galhetas, não era, ultimamente, de todo desfavorável às pretensões do sacristão.

- A Sr.ª Teresa é que mas devia dar - disse este; - pois está mais perto do sítio, onde elas hoje ferveram.

- Não te entendo, Joaquim; então que há? - perguntou, já ralada de curiosidade e pousando a meia, a esposa do Sr. João; e os olhos daquela família toda convergiam para os lábios do homem da sacristia.

Este sentiu-se lisonjeado com as atenções e muito principalmente com as da menina Francisca, cujo olhar fixo por pouco lhe fazia perder a frieza de ânimo.

- Então deveras não sabem do escândalo desta noite?

- Não; que houve? Conta lá isso, Joaquim, conta lá.

E o Sr. João da Esquina, no ardor da curiosidade, e para fazer boca doce ao orador, trouxe-lhe uma mão-cheia de figos secos duma seira enxertada e rejeitada por freguês pechoso; e a Sr.ª Teresa esfregou as mãos e agitou-se para ouvir melhor; e a menina Francisca puxou a cadeira, em que estava, para junto do mostrador.

O sacristão principiou:

- O filho aqui do seu vizinho... o doutor novo...

Neste ponto, despediu olhar certeiro à menina Francisca, a quem um acesso de tosse acometeu; a Sr.ª Teresa espirrou, e o Sr.

João deixou cair não sei o quê e abaixou-se para apanhar o que deixou cair. O orador prosseguiu:

- Pois o tal senhor doutorzinho... esteve para o levar o diabo esta noite.

- Que me dizes, homem? - perguntou a Sr.ª Teresa já debruçada no mostrador.

- É verdade.

- Mas como foi isso?

- Foi o irmão, o Pedro, que esteve para o matar.

- Ora, contos! - disse o Sr.





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