Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 7: VII

Página 37

- Perdoem-me as leitoras o pouco delicado da confrontação; mas bem vêem que ambos eles embriagam. É portanto lícito compará- los.

- Diz-se de certas pessoas que - têm o vinho alegre - de outras que - o têm triste - estúpido - bulhento - conforme dá a alguns a embriaguez para a hilaridade, a outros para o sentimentalismo, a outros para a modorra, ou para brigas. Pois com o amor é o mesmo. Amantes há que celebram os seus amores, e até as suas infelicidades amorosas, sempre em estilo de anacreôntica - esses têm o amor alegre; outros que, quando amam, embora sejam ardentemente correspondidos, suspiram, procuram os bosques solitários, que enchem de lamentos, e as praias desertas, onde carpem com o alcião penas imaginárias - têm estes o amor sombrio; a outros serve-lhes o amor de pretexto para espancarem ou esfaquearem quantas pessoas imaginam que podem ser-lhes rivais ou estorvos, e, nesses acessos de fúria, chegam a espancar e esfaquear o objecto amado - são os do amor bulhento e intratável; há-os que emudecem e embasbacam diante da mulher dos seus afectos, que em tudo lhe obedecem, que a seguem como o rafeiro segue o dono, e experimentam um prazer indefinível em adormecer-lhe aos pés - pertencem aos do amor impertinente e estúpido. Poderia ir muito longe esta classificação, se fosse aqui o lugar próprio para ela.

Basta porém que diga que o amor de Pedro das Dornas pertencia à primeira categoria; - tinha de facto ele o amor alegre.

Pedro cantava sempre; tudo lhe servia de tema a uma série de quadras improvisadas, de que fazia uso para alentar-se no trabalho.

É verdade que talvez isto fosse porque Pedro não tinha ainda encontrado o verdadeiro amor, aquele que, dizem, uma vez só na vida se experimenta. Em todo o caso, era o que sucedia com ele.

<< Página Anterior

pág. 37 (Capítulo 7)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 37

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316