Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: X

Página 64

De facto, não fora sem certa comoção de suspeitosa natureza, que a imagem de Daniel adolescente viera, por mal percebidas gradações, afugentar das reminiscências da boa rapariga a do pequeno Daniel, que ela conhecera outrora; não foi sem íntimas turbações de ânimo que, de envolta com as memórias suaves desse curto passado, a fantasia lhe começou a misturar vagas aspirações para um futuro que, agradavelmente e melancolicamente também, agitava o coração da ingénua cismadora.

Era bem triste, depois de sonhos assim, acordar na amarga realidade do presente desencantado, mas era inevitável. O destino decidira de outra sorte.

- Vamos - dizia Margarida a si mesma. - Que mulher sou eu? Quando precisava de dobrada força para o trabalho, ainda me ponho a pensar... não sei em quê. Pensar!... É um luxo, com que não podem os pobres - acrescentava, sorrindo amargamente. - É um prazer de ricos e ociosos. A nós, sai-nos muito caro cada minuto desperdiçado a pensar assim.

- Clara vai casar - cismava ela depois. - É forçoso que me separe dela. Bendito seja Deus, que me inspirou esta divina ideia de viver pelo trabalho; dele só e com ele deve ser agora principal- mente o meu viver. É custoso, porque queria deveras a esta pobre criança, mas é necessário. Um dia podia vir a causar-lhe involuntariamente mal, se ficasse. Hei-de partir.

<< Página Anterior

pág. 64 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 64

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316