com a transacção que operara, tinha deixado escapar o fio da conversa, julgou que se tratava de Pedro e perguntou:
- Então quando casa ele com a Clarita do Meadas?
- Veremos; provavelmente breve; chegando do Porto o outro rapaz.
- Olhe que foi bem bom arranjo, Sr. Zé - continuou o tendeiro com impertinente falta de percepção. - só o campo dos Bajuncos é uma tal peça de lavra.
- E sobretudo é boa cachopa a rapariga; lá isso é. Pois...
quando vier o outro... - teimava o lavrador.
De novo um feirante veio interromper o discurso ao pobre do pai, que se vingou mandando-o interiormente ao diabo. Já ia desesperando de conseguir a realização do seu inocente propósito, quando o reitor, passando pela porta da loja, lhe perguntou:
- Então vem hoje o homem ou não?
- Eu espero que sim, Sr. Reitor - disse José das Dornas, levantando-se e descobrindo-se. - Pelo menos não recebi ainda notícias em contrário.
- Vê se me mandas avisar, logo que chegue, que o hei-de querer ir ver.
- Não há-de haver dúvida.
- Adeus.
E o padre continuou o seu caminho, cortejando amavelmente, com um movimento de bengala, João da Esquina, que apesar de partidário dos do Amparo, não acolheu friamente a saudação. Mas afinal, graças às palavras do padre, tomou a conversa o rumo desejado de José das Dornas.
- Com que, temos cirurgião novo cá na terra? Ora Deus o ajude - disse João da Esquina.
- Enquanto o João Semana viver há-de custar a afreguesar-se o rapaz - observou o pai, traindo no gesto porém convencimentos contrários, aos que em palavras exprimia.
- Deixe lá. Há gente para ambos. A terra já vai dando para dois, graças a Deus. E o rapazinho saiu esperto!
- Lá isso, diga-se o que é verdade, não é agora por ser meu filho, mas todos o confessaram.