As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 4: IV Pág. 24 / 332

Vejam lá se o padre não fez bem em adiar o sermão para ocasião mais oportuna.

Porém, Margarida? Essa é que não se ria. Certo instinto de delicadeza, inato em quase todas as mulheres, não sei que vaga presciência de infortúnio, que algumas, de criança, possuem, parecia- lhe estar dizendo que tudo aquilo, sem saber porquê, lhe poderia vir a ser funesto.

E enquanto que Daniel ria, ela, coitada, não se pôde conter, e começou a chorar.

- Que tens tu, Guida? Isso o que é? - perguntou-lhe Daniel, já sério e meio sensibilizado. - Porque choras assim?

- Deixe-me. Não sei bem... mas sinto uma tristeza... e tamanha...

tamanha!... Vamos. É tarde, vou juntar o gado.

- E eu ajudo-te.

- Não. Vá para casa e corra bem, antes que o Sr. Reitor chegue lá primeiro.

- Pois ele irá?

- Ande... corra.

Foi então que Daniel reconheceu que Margarida podia ter alguma razão em não levar o caso a rir, e que não devia ser para ele uma coisa de todo insignificante a aparição do padre ali. Por isso disse adeus à sua companheira, e deitou a correr para casa.





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