A Queda de um Anjo - Cap. 36: Capítulo 36 Pág. 203 / 207

Graças às modistas de Penafiel, e, mais ainda, às meninas da estalagem, D. Teodora Figueiroa afeiçoou-se ao merinaque, e ao feitio e estofo do vestido e paletó. O primo Lopo dizia-lhe, algumas vezes, que ela, em companhia de Calisto, era um diamante bruto; e se nisto havia encarecimento, até certo ponto o bacharel maravilhava-se do influxo que o trajar exercitava nas formas de sua prima. A cintura adelgaçou-se; apequenou-se-lhe o pé; alargaram-se-lhe os quadris; amaciou-se-lhe a cútis; branquearam-se-lhe os braços; escampou-se-lhe a fronte com o riçado dos cabelos; toda ela adquiriu no andar certo requebro e donaire que lhe ia tão ao natural como se tivesse sido educada por salas e adestrada em flexuras de dança! A mulher, com efeito, é um mistério! Estas metamorfoses aos quarenta anos só podem fazer-se e estudar-se a espelho, cujo aço tem composição dos laboratórios daquele imaginoso chefe dos rebeldes que Deus despenhou do empíreo, sem todavia o esbulhar dos dons da inteligência!

E, por sobre tudo isto, para que ninguém duvide da intervenção diabólica neste caso, Teodora vivia contente, esquecida, feliz!





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