A religião de João de Patmos era assim mesmo. Diz-se que ele já era velho quando terminou o Apocalipse no ano 96 d. c., data estabelecida pelos eruditos modernos com base em «provas intrínsecas».
Ora acontece que, nos primeiros tempos da história cristã, há três pessoas chamadas João: o João Baptista que baptizou Jesus e fundou, segundo parece, uma religião ou pelo menos uma seita da sua autoria com estranhas doutrinas que, muitos anos depois de Jesus morrer, ainda existiam; a seguir o apóstolo João, a quem são atribuídos o Quarto Evangelho e algumas Epístolas; a seguir este João de Patmos que viveu em Éfeso e foi metido na prisão em Patmos por um delito qualquer de carácter religioso contra o Estado Romano. Contudo, libertado ao fim de alguns anos na sua ilha, voltou a Éfeso e aí viveu, de acordo com a lenda, até uma idade bastante avançada.
Durante muito tempo julgou-se que o apóstolo João, a quem se atribui o Quarto Evangelho, também tivesse escrito o Apocalipse. Contudo, não é possível que o mesmo homem tenha escrito as duas obras, tão diferentes são uma da outra. O autor do Quarto envangelho foi com certeza um judeu «grego» culto e um dos grandes inspiradores do cristianismo místico, «do amor»; João de Patmos deve ter tido uma natureza bastante diferente e que inspirou, por certo, sentimentos muito diferentes.