O mulherio da vizinhança falava já.
A Sr.ª Teresa deixava falar o mulherio. Se isso entrava até nos seus planos!
Uma vizinha, comadre e muito íntima da Sr.ª Teresa - uma só ocultava à outra o mal que dela dizia pelas costas - falando-lhe um dia, aludiu a Daniel e às suas visitas.
- Então, comadre? Pelos modos o nosso cirurgião novo gosta muito destes sítios.
- Cada um vai para onde mais lhe agrada, comadre.
- Isso lá é assim. E quem sabe o que será?
- Que será o quê?
- Sim, comadre, ele não é de raça que não seja a sua filha.
- Decerto que não é, não.
- Pois então...
- O futuro só Deus o sabe.
- É verdade. O ponto está que a sua pequena... Se ainda lhe não passou aquela cisma que teve para o Chico, sapateiro...
- O Chico, sapateiro! - exclamou indignada a Sr.ª Teresa. - Não que minha filha é cabedal muito fino, para ir às mãos de um remendão daqueles.
- Nisso tem razão. Inda se fosse com o Joaquim, sacristão...
- Qual sacristão, nem meio sacristão. A comadre pensa que uma criatura se sustenta com aparas de hóstias, e com escorralhas de galhetas?
A comadre aplaudiu com uma gargalhada o dito, e observou:
- O das estradas é que.