As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 5: V Pág. 27 / 332

.. creio que já se não entretém muito com igrejinhas...

- Ah! pois sim... mas... é que agora tem já outras canseiras...

Os estudos...

- Ah!... os estudos... É o que me lembra.

- Olhe, Sr. Reitor - continuava José das Dornas, um tanto incrédulo a respeito da mudança de inclinação do filho - eu, finalmente...

sim... como o outro que diz... não sei lá as razões que tem V. S.ª para pensar dessa forma... mas a mim, está-me a parecer que V. S.ª se engana.

O reitor tinha atingido os limites da sua grande paciência. Esta dúvida de José das Dornas, ainda que formulada a medo, acabou de resolvê-lo a ser mais explícito.

- E se eu te disser, José das Dornas - exclamou ele, parando e voltando-se para o seu interlocutor - se eu te disser que o teu filho Daniel, apesar dos seus doze, ou treze anos, que será a idade dele, tem já na aldeia a sua conversada?

José das Dornas parou como fulminado.

O reitor continuou o seu caminho.

- Que diz, Sr. Reitor?! - exclamou afinal José das Dornas, atrasado já uns cinco ou seis passos, e na mesma posição em que o deixara a revelação.

- O que sei!... - respondeu o reitor, com eloquente laconismo.

- Em nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo! Está o mundo roto! Pois o rapaz... Ó Sr. Reitor, palavra, que, se fosse outra pessoa que mo dissesse, eu não acreditava.

- E se eu te afirmar que vi, com os meus olhos, o teu Daniel, sentado no monte ao pé da rapariga, cantando juntos, lendo juntos, e afirmando-lhe o rapaz que nunca há-de ser padre, pois queria casar com ela?

- Ora, ora, Sr. Reitor, essa é de mais. Há-de perdoar, mas essa...

- E se eu te disser que lhe deu um beijo? - acrescentou o padre, em tom confidencial.

- Um beijo!

- E se eu te disser que ele, todos os dias, me sai da aula às cinco horas, e passa o resto da santa tarde junto da pequena?

- Ora o rapazinho!

- Então já vês que não convém fazê-lo padre.





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