As Pupilas do Senhor Reitor - Cap. 40: XL Pág. 298 / 332

- Isto será mais tarde do que supunha? - disse o reitor, parando no patamar e consultando o relógio. - Dez horas. só se o relógio se atrasou; mas esta manhã ainda...

As pancadas sonoras da campainha de um pequeno relógio da sala interromperam-lhe o monólogo.

- Quatro, cinco, seis, são dez, não há que ver - dizia o reitor, contando-as - sete, oito... é isso; nove, e dez. São dez horas, são.

Mas então...

E subia, mais apressado já, um segundo lanço de escadas.

- Margarida estará doente? Porém, se fosse de cuidado, tinha- -me mandado parte; e não sendo, não era ela a que por qualquer coisa...

E entrou na primeira sala. Escutou - o mesmo silêncio.

- Ou! Estou admirado!

Desta sala passou à do trabalho.

Estava deserta, postas de lado as pequenas cadeiras das crianças, arrumados os cestos de costura e os livros, e na sala aquele ar de tristeza que parecem ter, quando desertos, todos o lugares ordinariamente concorridos.

Sentiu esta impressão o reitor; foi agitado de secreto receio que atravessou os corredores e abriu a porta do quarto de Margarida.

Encontrou-a sentada, a ler, com a fronte encostada à mão, o semblante sereno, mas abatido, e nos olhos vestígios de lágrimas, enxugadas de pouco.

- Que significa isto? - disse o reitor, dando às suas palavras um tom jocoso, mas conservando no olhar a mesma vaga inquietação.

- É hoje dia de sueto.

Margarida fechou o livro, ergueu-se para beijar a mão ao reitor e com uma voz, onde, quem estivesse exercitado em estudá-la, podia perceber ainda um desvanecido tremor, respondeu:

- As mães das minhas discípulas quiseram dar-me tempo para o arrependimento e para a penitência. Dispensaram-me dos meus serviços. E eu... aproveitei o conselho, que me deram, assim.





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