Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO XI

Página 109

No fim da ceia, o padre marcos, com o copo na mão, e de pé, disse que fazia uma saúde ao seu hóspede, porque lhe parecia que tinha a honra de beber à saúde de um realista, de um partidário da sua majestade o Sr. D. Miguel I, que deus guardasse! O hóspede agradeceu, declarando que mesmo numa roda de liberais não negada os seus sentimentos políticos: que era realista, e como tal brindava à saúde de todos os amigos do príncipe proscrito.

O nunes dava canelões inteligentes e às vezes dolorosos no abade, que o encarava de esconso como quem diz: - percebo; não faça de mim asno; sei que estou falando com el-rei.

A criada deu parte que estava pronta a cama.

- Quando vossoria quiser - disse ela ao hóspede.

Veríssimo sorriu-se agradavelmente:

- Que incómodo estou dando a esta excelente família... Irei descansar, senhor abade, e Sr. Torcato... Parece-me que lhe ouvi chamar Torcato.

- Nunes elas, um criado de vossa... - e susteve-se.

Dizia-lhe depois o abade no quinteiro:

- Você ia-se estendendo, nunes! Esteve por um triz a dizer, um criado da vossa majestade, não esteve?

- Por um triz, abade, que me estendia! Tal é a certeza de que está el-rei nesta casa! - e com transporte, olhando para as janelas: - onde está pernoitando o Sr. D. Miguel I! O rei amado dos portugueses, na pobre residência de são Gens de calvos! Isto parece um sonho!

A segunda-feira de entrudo foi um chover desabalado. Não houve entremez nem se via viva alma no cruzeiro. O abade não consentiu que o hóspede se retirasse; e, aconselhado por nunes, mandou à póvoa buscar a bagagem. Era um baú de lata amolgado na tampa, com um cadeado roído de ferrugem. O legitimista ainda não tinha dado nome algum, nem os outros ousavam abrir oportunidade a que ele tivesse de o inventar, seria indelicadeza obrigado a mentir.

<< Página Anterior

pág. 109 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 109

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196