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Capítulo 16: CAPÍTULO XV

Página 145
D. Miguel I.

Moveu-se o exército em direitura à lixa. O Cerveira ia no grupo do quartel-general. Macdonell, de vez em quando, regougava monossílabos em espanhol ao quartel-mestre. O Cerveira retardava-se às vezes um pouco e emborcava o candil, gorgolejando e despegando pigarros teimosos. O Vitorino notava-lhe que ele bebia de mais - que o calor da genebra não se espalhava pelo corpo, mas sim concentrava-se na cabeça - que era um perigo. O Cerveira dizia que estava afeito; mas queixava-se de dores nas fontes e zunidos nas orelhas; que não se podia lamber com sono, e que dava cinco mil cruzados por estar na sua cama. E abaixando a voz tartamuda:

- Este ladrão deste inglês meto-lhe a espada até aos copos! Palavra de honra que o mato amanhã!

O Vitorino reparou de que o tenente-coronel gaguejava; mas atribuiu à embriaguez o embaraço na fala. Entrou a queixar-se o Cerveira de que estava tonto da cabeça, que se queria apear, porque não podia agarraras rédeas; e chamava com ansiedade o Zeferino que vinha muito à retaguarda. O quartel-mestre-general chamou um ajudante-de-ordens, e pediu-lhe que o ajudasse a apear o tenente-coronel. Cerveira lobo dobrava o tronco ao longo do pescoço do cavalo que estranhava o peso e o sacudia, sentindo-se livre da pressão do freio.

O apoplético ia resvalar, quando os dois oficiais o ampararam nos braços, numa síncope. Um deles acende uni palito fosfórico no lume do charuto, e disse que o tenente-coronel tinha o rosto inchado e muito vermelho. Chamavam-no, sacudiam-no; não dava sinal de vida; nem um ronquido estertoroso. Inclinaram-no sobre um combro de mato molhado; não lhe acharam pulso; a boca entortara-se, e os olhos muito abertos com umas estrias sanguíneas. Estava morto, fulminado pela apoplexia alcoólica.

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pág. 145 (Capítulo 16)

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Capa do livro A Brazileira de Prazins
Páginas: 202
Página atual: 145

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I 9
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 21
CAPÍTULO IV 32
CAPÍTULO V 46
CAPÍTULO VI 52
CAPÍTULO VII 59
CAPÍTULO VIII 67
CAPÍTULO IX 74
CAPÍTULO X 84
CAPÍTULO XI 101
CAPÍTULO XII 113
CAPÍTULO XIII 121
CAPÍTULO XIV 130
CAPÍTULO XV 141
CAPÍTULO XVI 157
CAPÍTULO XVII 166
CAPÍTULO XVIII 173
CAPÍTULO XIX 182
CAPÍTULO XX 190
CONCLUSÃO 196