O cristianismo, esse, é um renunciador de vida, e ao recusá-la destrói nos homens a sua força vital, atira-os uns contra os outros e consuma a sociedade dos miseráveis.
No seu último livro Lawrence afirmar-se-ia, como nunca, homem pagão e misógino, inimigo do cristianismo.
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Durante o Natal de 1929, Lawrence teve muitas visitas em Bandol.
Já incapaz de dar àquele manuscrito a forma limpa e legível que a publicação exige, ditou-o à filha dos Brewster (seus amigos de velha data) e chegou a vê-lo dactilografado, pronto a ceder ao aceno de um editor.
Seria, no entanto, uma obra póstuma, editada na Itália, longe, muito longe da sua odiada Inglaterra. «Preferia ser alemão - tinha dito ele numa carta, em 13 de Agosto de 1929 - ou qualquer outra coisa, em vez de pertencer a uma nação destas, cheia de cobardes e de hipócritas. Que a minha maldição lhes caia em cima! Vão lançar à fogueira quatro obras minhas, e os meus quadros. Ai, sim? Decretaram isso? Pois hão-de queimar, ao mesmo tempo, a sua própria existência como nação. Delenda est Cartago! Destruir-se-á a si própria!»
Profecias de Lawrence... em Bandol, naquele quarto em cima do mar.
H. E.