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Capítulo 24: Deslumbramento

Página 199

Depois de tocar, apalpar e enterrar as mãos trémulas no ouro e nas pedrarias, Edmond levantou-se e correu novamente através das cavernas com a trémula exaltação de um homem prestes a enlouquecer. Saltou para um rochedo donde podia observar o mar e não viu nada; estava só, bem só, com as suas riquezas incalculáveis, inauditas, fabulosas, que lhe pertenciam. Mas sonhava ou estava acordado? Vivia um sonho fugaz ou abraçava firmemente uma realidade?

Necessitava de rever o seu ouro e no entanto sentia que não teria forças, naquele momento, para o olhar. Levou por instantes as mãos ao alto da cabeça, como que para impedir a razão de lhe fugir. Depois correu através da ilha, sem seguir, não qualquer caminho, que o não havia na ilha de Monte-Cristo, mas sim uma direcção determinada, afugentando as cabras-monteses e assustando as aves marinhas com os seus gritos e as suas gesticulações. Em seguida deu uma volta regressou, ainda hesitante, até que se precipitou para a primeira gruta, depois para a segunda e por fim se deteve diante daquela mina de ouro e diamantes.

Desta vez caiu de joelhos, comprimiu convulsivamente com as mãos o coração que parecia querer saltar-lhe do peito e murmurou uma prece que só Deus poderia ouvir.

Não tardou a sentir-se mais calmo e portanto mais feliz, pois só naquele momento começava a acreditar na sua felicidade.

Pôs-se então a contar a sua fortuna. Havia mil lingotes de ouro de duas a três libras cada um. Em seguida empilhou vinte e cinco mil escudos de ouro, que valeriam, cada um, oitenta francos da nossa moeda actual, todos com a efígie do Papa Alexandre VI e dos seus predecessores, e verificou que o compartimento estava apenas meio vazio. Finalmente, mediu dez vezes a capacidade das suas mãos em pérolas, pedrarias e diamantes, muitos dos quais montados pelos melhores ourives da época e por isso mesmo possuíam um valor artístico notável, mesmo comparado com o seu valor intrínseco.

Dantès viu o Sol descer e extinguir-se pouco a pouco. Receava ser surpreendido se permanecesse na caverna e por isso saiu, de espingarda em punho. Algumas bolachas e uns goles de vinho, foram o seu jantar. Depois recolocou a pedra, deitou-se-lhe em cima e dormiu apenas algumas horas, tapando com o corpo a entrada da gruta.

Aquela noite foi ao mesmo tempo uma dessas noites deliciosas e terríveis como aquele homem de emoções fulminantes passara já duas ou três na vida.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 199

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069