Durante a leitura desta carta, que lhe revelava a loucura do pai e a morte do irmão - morte e loucura que ignorava -, Valentine empalideceu, escapou-lhe um doloroso suspiro do peito, e lágrimas, que não eram menos pungentes por serem silenciosas, rolaram-lhe pelas faces. A sua felicidade saía-lhe muito cara. Morrel olhou à sua volta com inquietação.
- Mas... na verdade, o conde exagera a sua generosidade; Valentine contentar-se-á com a minha modesta fortuna. Onde está o conde, meu amigo? Leve-me à sua presença.
Jacopo estendeu a mão para o horizonte.
- O quê! Que quer dizer? - perguntou Valentine. - Onde está o conde? Onde está Haydée?
- Vejam - respondeu Jacopo.
Os olhos dos dois jovens fixaram-se na linha indicada pelo marinheiro, e nessa linha de um azul-escuro que separava no horizonte o céu do Mediterrâneo viram uma vela branca do tamanho das asas de uma gaivota.
- Partiu! - exclamou Morrel. - Partiu! Adeus, meu amigo, meu pai!
- Partiu! - murmurou Valentine. - Adeus, minha amiga! Adeus, minha irmã!
- Quem sabe se alguma vez os tornaremos a ver? – observou Morrel, limpando uma lágrima.
- Meu amigo - disse Valentine -, o conde não acaba de nos dizer que a sabedoria humana reside por completo nestas palavras: Esperar e ter esperança!?
FIM