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Capítulo 106: A partilha

Página 981
Capítulo CVI - A partilha

No prédio da Rua Saint- Germain-des-Prés que Albert de Morcerf escolhera para a mãe e para si, o primeiro andar, constituído por um apartamentozinho completo, estava alugado a uma personagem muito misteriosa.

Essa personagem era um homem a quem nem mesmo o porteiro jamais vira a cara, quer quando entrava, quer quando saía. Porque no Inverno metia o queixo numa dessas gravatas encarnadas como as dos cocheiros das casas ricas que esperam os patrões à saída dos espectáculos e no Verão assoava-se sempre precisamente no momento em que poderia ser visto ao passar diante do cubículo. Escusado será dizer que, contrariamente a todos os usos e costumes, esse habitante do prédio não era espiado por ninguém e que o boato que corria de que o seu incógnito ocultava um indivíduo muito altamente colocado e de braço comprido bastava para que se respeitassem as suas misteriosas aparições.

As suas visitas eram habitualmente fixas, embora por vezes fossem antecipadas ou adiadas; mas quase sempre, de Inverno ou de Verão, era por volta das quatro horas que tomava posse do seu apartamento, no qual nunca passava a noite.

Às três e meia, no Inverno, o lume era aceso pela criada discreta que cuidava do apartamentozinho; às três e meia, no Verão, as janelas eram abertas pela mesma criada.

Às quatro horas, como dissemos, chegava a misteriosa personagem.

Vinte minutos depois dele, parava uma carruagem diante do prédio; uma mulher vestida de preto ou de azul-escuro, mas sempre envolta num grande véu, apeava-se, passava como uma sombra diante do cubículo e subia a escada sem que se ouvisse estalar um só degrau debaixo dos seus pés ligeiros.

Nunca acontecera perguntarem-lhe aonde ia.

A sua cara, tal como a do desconhecido, era portanto absolutamente estranha aos dois guardas da porta, porteiros modelo, talvez os únicos, na imensa confraria dos porteiros da capital, capazes de semelhante discrição.

Escusado será dizer que a mulher não ia além do primeiro andar. Aí, arranhava numa porta de forma especial, a porta abria-se, voltava a fechar-se hermeticamente e pronto.

Para saírem do prédio, a mesma manobra que para entrarem.

A desconhecida saía primeiro, sempre velada, e metia-se na sua carruagem, que ora desaparecia por uma extremidade da rua, ora por outra. Depois, passados vinte minutos, saía por sua vez o desconhecido, enterrado na sua gravata ou oculto pelo seu lenço, e desaparecia igualmente.

No dia seguinte àquele em que o conde de Monte-Cristo visitara Danglars, dia do funeral de Valentine, o locatário misterioso entrou por volta das dez horas da manhã, em vez de entrar, como de costume, cerca das quatro horas da tarde.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 981

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069