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Capítulo 34: Aparição

Página 310
Imagine-se portanto como pulularão os cicerones no Coliseu, isto é, no monumento por excelência, acerca do qual dizia Marcial: «Que Mênfis deixe de nos gabar os bárbaros milagres das suas pirâmides, que se não cantem mais as maravilhas da Babilónia. Tudo deve ceder perante a obra imensa do anfiteatro dos Césares e todas as vozes se devem reunir para elogiar este monumento.»

Franz e Albert não tentaram sequer subtrair-se à tirania ciceroniana. De resto, isso seria tanto mais difícil quanto é certo serem apenas os guias quem tem direito a percorrer o monumento com archotes. Não opuseram pois nenhuma resistência e entregaram-se de pés e mãos amarrados aos seus condutores.

Franz conhecia o passeio por já o ter feito dez vezes. Mas como o companheiro, mais noviço, punha pela primeira vez o pé no monumento de Flávio Vespasiano, devo confessar em sua honra que, apesar do cacarejo ignorante dos seus guias, estava muitíssimo impressionado. Efectivamente, não se faz ideia, antes de a ver, da majestade de semelhante ruína, em que todas as proporções são ainda aumentadas pela misteriosa claridade de um luar meridional cujos raios parecem um crepúsculo do Ocidente.

Por isso, assim que Franz, o pensador, deu cem passos debaixo dos pórticos interiores, abandonou Albert aos seus guias, que não estavam dispostos a renunciar ao direito imprescritível de lhe mostrar em todos os seus pormenores a cova dos leões, as instalações dos gladiadores e o pódio dos Césares, meteu por uma escada semi arruinada e, deixando-o continuar o seu caminho simétrico, foi-se muito simplesmente sentar à sombra de uma coluna, diante de uma meia-lua que lhe permitia abarcar o gigante de granito em toda a sua majestosa extensão.

Franz encontrava-se ali havia um quarto de hora aproximadamente, oculto, como já disse, na sombra de uma coluna, entretido a observar Albert que, acompanhado dos seus dois porta-archotes, acabava de sair de um vomitorium situado na outra extremidade do Coliseu, e os quais, como as sombras que acompanham um fogo-fátuo, desciam de degrau em degrau para os lugares reservados às vestais, quando lhe pareceu ouvir rolar nas profundezas do monumento uma pedra solta da escada situada defronte da que tomara para chegar ao local onde estava sentado. Não tem nada de estranho, sem dúvida, que uma pedra se solte debaixo do pé do tempo e role no abismo; mas desta vez parecia-lhe que fora aos pés de um homem que a pedra cedera e que um ruído de passos chegava até ali, embora aquele que o ocasionava fizesse tudo o que podia para os abafar.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 310

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069