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Capítulo 39: Os convivas

Página 385
Sentia já o frio agudo do ferro quando o cavalheiro que vêem aqui carregou por seu turno sobre eles, matou o que me agarrava pelos cabelos com um tiro de pistola e rachou a cabeça ao que se preparava para me cortar o pescoço com uma sabrada. O cavalheiro resolvera salvar um homem naquele dia e o acaso quis que fosse eu. Quando for rico, encarregarei Klagmann ou Marochetti de fazerem uma estátua ao Acaso.

- É verdade - confirmou Morrel, sorrindo. - Estávamos a 5 de Setembro, isto é, no aniversário do dia em que o meu pai foi miraculosamente salvo. Por isso, tanto quanto me é possível, comemoro todos os anos esse dia com qualquer acção...

- Heróica, não é verdade? - interrompeu-o Château-Renaud. - Em resumo, fui eu o escolhido. Mas isto não é tudo. Depois de me salvar do ferro, salvou-me do frio, dando-me, não metade da sua capa, como fazia S. Martinho, mas sim toda inteira. E depois salvou-me da fome dividindo comigo... adivinham o quê?

- Uma empada do Félix! - perguntou Beauchamp.

- Não, o seu cavalo, do qual comemos ambos um naco deveras apetitoso. Que duro!

- O quê, o cavalo? - perguntou, rindo, Morcerf.

- Não, o sacrifício - respondeu Château-Renaud. - Perguntem a Debray se sacrificaria o seu inglês por um estranho.

- Por um estranho, não; mas por um amigo, talvez - disse Debray

- Adivinhei que se tornaria meu amigo, Sr. Barão - declarou Morrel. - Aliás, como já tive a honra de lhos dizer, heroísmo ou não, sacrifício ou não, naquele dia devia uma oferenda à má sorte em recompensa do favor que outrora nos fizera a boa.

- A história a que o Sr. Morrel se refere - continuou Château-Renaud - é uma história admirável que ele lhes contará um dia, quando o conhecerem melhor. Por hoje, abasteçamos o estômago e não a memória. A que horas almoça você, Albert?

- Às dez e meia.

- Exactas? - perguntou Debray, puxando do relógio.

- Oh, espero que me concedam os cinco minutos da praxe, porque também espero um salvador! - redarguiu Morcerf.

- De quem?

- Meu, ora essa! - respondeu Morcerf - Ou julgam que não posso ser salvo como qualquer outro e que só os árabes cortam cabeças? O nosso almoço é um almoço filantrópico e teremos à mesa, pelo menos assim espero, dois benfeitores da humanidade.

- Como havemos de resolver isso se só temos um Prémio Montyon? - perguntou Debray.

- Ora, dá-lo-ão a alguém que não tenha feito nada para o merecer - sugeriu Beauchamp. - Não é assim que habitualmente a Academia se tira de apuros?

- E donde vem ele? - perguntou Debray. - Desculpe a insistência, bem sei que já respondeu a esta pergunta, mas tão vagamente que me permito fazê-la segunda vez.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 385

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069