- Ah! - exclamou o conde de Monte-Cristo, habituado àquela linguagem. - São três e estão à espera no quarto, não é?
- Sim - respondeu Ali, agitando a cabeça de alto a baixo.
- A senhora deve vir cansada, esta noite - continuou Monte-Cristo -, e sem dúvida quererá dormir. Que não a façam falar. As criadas francesas devem cumprimentar apenas a sua nova ama e retirar-se. Providenciarás para que a criada grega não comunique com as criadas francesas.
Ali inclinou-se.
Pouco depois ouviu-se chamar o porteiro, o portão abriu-se, uma carruagem rodou na alameda e deteve-se diante da escadaria. O conde desceu. A portinhola já estava aberta.
Estendeu a mão a uma mulher nova, envolta num manto de seda verde, todo bordado a ouro, que lhe cobria a cabeça. A jovem pegou na mão que lhe estendiam e beijou-a com certo amor, laivado de respeito. Trocaram algumas palavras, ternamente da parte da jovem e com meiga gravidade da parte do conde, na língua sonora que o velho Homero pôs na boca dos deuses.
Em seguida, precedida por Ali, que levava uma tocha de cera cor-de-rosa, a jovem, que não era outra senão a bela grega, companheira habitual de Monte-Cristo em Itália, foi conduzida aos seus aposentos e o conde retirou-se para o pavilhão que reservara para si. À meia-noite e meia hora todas as luzes estavam apagadas na casa e dir-se-ia que toda a gente dormia.