Acho melhor conservar as ilusões que ainda tenho a respeito dos insectos; basta-me ter já perdido as que tinha acerca dos homens. Não irei portanto nem ao telégrafo do Ministério do Interior, nem ao telégrafo do Observatório. Prefiro o telégrafo em pleno campo, com o puro homenzinho petrificado na sua torre.
- Nunca vi um grande senhor tão singular - observou Villefort.
- Que linha me aconselha a estudar?
- A mais ocupada a esta hora.
- Nesse caso, a de Espanha, não?
- Exactamente. Quer uma carta do ministro para que lhe expliquem...
- Não, não! - recusou Monte-Cristo. - Se lhe digo que, pelo contrário, não quero compreender nada daquilo. No momento em que compreendesse qualquer coisa, adeus telégrafo, não haveria nem mais um sinal do Sr. Duchâtel ou do Sr. de Montalivet transmitido ao prefeito de Baiona a coberto de duas palavras gregas: tele e graphein. Quero conservar em toda a sua pureza e em toda a minha veneração o animal das patas negras e a palavra assustadora.
- Sendo assim, vá, pois dentro de duas horas anoitecerá e já não verá nada.
- Demónio, assusta-me. Qual é o mais próximo? Na estrada de Baiona?
- Sim vá pela estrada de Baiona.
- É o de Châtillon?
- Sim.
- E depois do de Châtillon?
- O da torre de Montlhéry, creio.
- Obrigado e até à vista! No sábado contar-lhe-ei as minhas impressões.
À porta, o conde encontrou-se com os dois notários que acabavam de deserdar Valentine e se retiravam encantados por terem presidido a um acto que não podia deixar de lhes proporcionar grande honra.