— É um gosto ouvi-lo! — interrompeu D. Tomásia. — Bem no disse aquela senhora: V. Exa. é um génio, e fala de modo que se mete no coração da gente. Quer que lhe diga a verdade, Sr. Barbuda? Foi bom que V. Exa. me encontrasse nesta idade. Se eu fosse moça e bonita, como dizem que fui, um homem como V. Exa. havia de me dar cuidados.
— Ora, minha Sra. D. Tomásia, isso é lisonja e favor. Eu já não estou também na idade de tocar corações, nem os meus hábitos vão muito para aí!
— Idade! — acudiu a viúva do tenente … V. Exa. pode dizer que tem trinta e cinco anos, que ninguém lho duvida. É mania agora dos rapazes quererem à fina força passar por velhos. Pergunte quem quiser à vizinha do primeiro andar se o acha velho. Está-me sempre a perguntar se V. Exa. me diz dela alguma coisa… Conhece-a?
— Bem sei: uma mocetona cheia, com umas fitas escarlates na cabeça… Não é má…
— E sabe V. Exa. que mais? Eu vou apostar que esta senhora que veio cá traz coisa no coração que a obrigou!… Assim uma senhora nova, sozinha, tão encantadora!… Aquilo, a meu ver, é que já o ouviu no Parlamento, e apaixonou-se. Há muitos casos assim cá em Lisboa de senhoras apaixonadas pelos homens de talento. O talento é uma coisa muito bonita! Meu marido casou comigo quando era sargento do treze de infantaria, e andava nos estudos.