A Queda de um Anjo - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 89 / 207

Eu quero, com o doutor supracitado, que ele não fume, nem beba bebida fermentada. Água em abundância, e mais nada potável. Não quero que os presos se conversem, porque, no dizer do insigne patrício meu, e abalizado humanista, das cadeias saem delineamentos de assaltos, e assassinatos de homens que sabem ricos.

Lastimado isto, Sr. presidente, um preso descomedido entre os demais é qual febricitante despedido do leito que, como seta voada do arco, exaspera em barulho os males de toda a enfermaria.

Eu quero que o preso funcione intelectivamente, e de lavores corporais se não desquite. O homem sem instrução obra instintivamente, obra egoistamente, obra cepticamente, se lhe escasseia religião. Ao preso lide-lhe a mão na tarefa, sim; mas lide-lhe também a cabeça na ideia. Inclinando razoamento para isto, em todas as cadeias europeias lustram ciências, pulem saber, e se amenizam instintos. Veja-se o que diz o nunca de sobra invocado Aires, honra e jóia da cidade de Sá de Meneses, de Andrade Caminha, de Garrett, cidade onde me eu rejubilo de haver vagido nas faixas infantis. É mister que se entranhe o sacerdote no cancro das masmorras; mas o sacerdote atilado de engenho e todo impecável de costumes; e não padres cuja unção sacrossanta se lhes convertesse no corpo em lascivos amavios. Quem sabe aí joeirar o óptimo para capelães de prisões?

Depois quer-se um director, olho e norma. E tão boas partes se lhes requerem, que, ainda cismando talhá-lo um composto de virtudes, o não viríamos delinear senão escorço.





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