Calisto Elói pagou o tributo dos espíritos esclarecidos. Umas eloquentes simplezas, com que ele costumava alegrar o auditório; as máximas joviais de Supico e outras com que ele intermeava a conversação; as gargalhadas provincianas, as liberdades desmaliciosas, o ar de família com que ele se fazia bem-querer e desculpar de alguma demasia menos urbana do que faculta a convenção das salas; tudo isto, que lhe ia tão bem ao morgado, se demudou em recolhimento cogitativo, sombra triste e acanhada parvulez.
Nesta noite, concorreu à partida do desembargador aquele Vasco da Cunha, galanteador de Adelaide, mancebo bem composto de sua pessoa, sisudo, e muito católico. Este fidalgo, representante dos melhores Cunhas, mencionados na «História Genealógica da Casa Real», além do brilho herdado, estava-se gozando de lustre propriamente seu, figurando sempre nos anúncios pios em que os fiéis eram convidados a assistir a tal festividade religiosa, ou convocando assembleias de irmandades, para o fim de consultas atinentes à maior pompa do culto divino.