O cavalo, o cavalo! Símbolo do poder que irrompe, e do poder do movimento e da acção no homem. O cavalo, montada de heróis. Até Jesus montava um burro, montada do poder humilde. No entanto, para os verdadeiros heróis o cavalo. E cavalos diferentes para poderes diferentes, para as diferentes chamas e os diferentes impulsos do heroísmo.
O cavaleiro no seu cavalo branco! Mas quem é ele? O homem que precisar de explicações nunca chegará a sabê-lo. Mas sucede que as explicações são a nossa sina.
Considerem-se as quatro velhas naturezas do homem: a sanguínea, a colérica, a melancólica e a fleugmática! Ora aqui estão as quatro cores dos cavalos: Branco, vermelho, negro e a cor clara ou amarelada. Mas poderá o sanguíneo ser branco? - Ah, pode, porque o sangue era a própria vida, a verdadeira vida; e era branco e deslumbrante o verdadeiro poder da vida. Nos velhos tempos o sangue era a vida e, considerado como um poder, era semelhante a uma luz branca. O escarlate e a cor púrpura só eram as vestes do sangue. Ah, o vívido sangue vestido de vermelho-vivo! Em si próprio como que era uma luz pura.
O cavalo vermelho é a cólera: não a simples ira mas uma fogosidade natural, aquela a que chamamos paixão.
O cavalo negro era a bílis negra, contumaz.