E o meu próprio eu, o meu eu sagrado que o Cordeiro convoca para um novo ciclo de acção e parte rumo à conquista, à conquista do antigo eu para outro, novo, nascer. E ele, na verdade, quem vai conquistar todos os outros «poderes» do eu. E lá vai ele, como o sol, a cavalgar para a sua conquista com flechas mas não com a espada, porque a espada também implica julgamento, e só se trata aqui do meu dinâmico e poderoso eu. O seu arco é o arco do corpo tenso, como a lua crescente.
A verdadeira acção do mito ou imagética ritual foi toda suprimida. O cavaleiro no cavalo branco aparece e depois desaparece. Sabemos, porém, por que apareceu. E sabemos a razão, no fim do Apocalipse, de ele ter como paralelo o último cavaleiro num cavalo branco que é o celestial Filho do Homem que vai por ali fora a cavalgar, depois da última e definitiva vitória sobre os «reis». Como tu ou eu, o filho do homem cavalga rumo à pequena conquista; mas o Grande Filho do Homem monta o seu cavalo branco depois da última conquista universal e comanda as hostes. Traz uma camisa vermelha, do sangue dos monarcas, e tem escrito na coxa o seu título: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. (Na coxa, porquê? Respondei vós a isto. Mas Pitágoras não mostrou no templo a sua coxa dourada? Ignorais o velho e poderoso símbolo mediterrânico da coxa?)