Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 34: XXXIV

Página 242

Naquele estado a pulsação febril das artérias das fontes impediu-o de escutar mais nada; o coração palpitava-lhe tão agitado, que o ouvia bater.

O som de vozes tornava-se mais audível, como se se aproximassem da porta as pessoas que assim conversavam.

Pedro levou maquinalmente a mão ao gatilho da espingarda e ficou à espera, com a vista fixa e a respiração reprimida. Era terrível o seu olhar naquele momento!

Ouviu-se o voltar da chave na fechadura, a porta moveu-se lentamente e um diálogo, travado a meia voz, chegou aos ouvidos de Pedro; mas a energia da vertigem, que lhe tomara os sentidos, não lho deixava perceber, senão de maneira confusa.

- Foi para lhe dizer isto, só para lhe dizer isto, que consenti em ouvi-lo aqui - dizia uma voz feminina. - Bem vê que seria uma loucura, se continuasse; mais do que uma loucura, seria um pecado até. Agora espero que cumpra a sua promessa. Mostre que é homem de bem. Adeus.

- Adeus - respondeu-lhe outra voz. - E perdoe-me se não posso ainda dizer friamente esta palavra. Mas verá que saberei emendar-me. Obrigado pela confiança que teve em mim. Adeus.

E, depois disto, um homem, todo envolvido numa capa comprida, saiu da porta do quintal, tendo antes apertado a mão, que se lhe estendia de dentro.

Pedro mal tinha ouvido e mal conseguiu ver tudo aquilo; passavam- lhe pelos olhos como que nuvens de fogo. Correu para este visitador nocturno com a impetuosidade, de que o animava a raiva e, apontando-lhe ao peito a espingarda, gritou com um rugido aterrador:

- Alto, miserável! Pára, ou estás morto!

O homem ficou imóvel.

Dentro do quintal ouviu-se então um grito dilacerante e a porta fechou-se, violentamente impelida de encontro aos batentes.

Pedro rompeu para o desconhecido, que recuou diante dele.

<< Página Anterior

pág. 242 (Capítulo 34)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 242

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316