Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 41: XLI

Página 312
Não é verdade que ninguém teria coragem para mentir aqui, Margarida? Não é verdade que ninguém pode recear do seu coração, quando o interroga em momentos como este, e o sente forte? É pois aqui, é neste momento, que eu lhe repito, que eu lhe venho jurar que a amo, Margarida.

- Oh! cale-se, cale-se! - exclamou sobressaltada Margarida, sem levantar o rosto para ele.

- Para que me manda calar? Levará tão longe a sua desconfiança, que possa acreditar que até aqui lhe minto, que nem a promessa, feita sobre este leito, para mim consagrado pela sua generosidade, que nem essa saberei respeitar?

- Por compaixão, por misericórdia, cale-se - dizia, com maior veemência, Margarida, elevando agora para ele as mãos juntas e os olhos banhados de lágrimas.

- Margarida! - repetia Daniel.

- Não vê que é um sacrilégio quase isso que está a dizer?

Repare, veja onde está; olhe o que nos separa. Oh! cale-se!

- É a solenidade do lugar e do momento, que me anima a falar-lhe. Não duvide de mim, Margarida. Será preciso que lhe lembre o tempo passado? será preciso que lhe fale da infância, Guida!

da infância que passámos juntos?

- A mim? Serei eu a que preciso avivar lembranças? - disse involuntariamente Margarida, num tom quase de amarga exprobração; mas, reprimindo este movimento, que não soube disfarçar a tempo, acrescentou com desespero: - Que quer de mim?

- A sua confiança, a sua estima; juro-lhe que a mereço. Pela primeira vez, faço sem hesitar este juramento. Alguma coisa se passou no meu coração, que me fez outro homem. Acabou o louco sonho de dez anos, que andei sonhando. Despertei ontem. Agora sou o mesmo Daniel, que daqui partiu, deixando na aldeia alguém, que do alto dos montes olhava com tristeza para a estrada, que o constrangeram a seguir, estrada que, ele também, regou com lágrimas de saudades.

<< Página Anterior

pág. 312 (Capítulo 41)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 312

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316