Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 41: XLI

Página 313
Guida, não me perdoará as loucuras deste sonho mau? Não mas perdoará em nome do passado? Fale.

Margarida não respondia.

- Diga, que devo eu fazer para adquirir de novo essa estima, que perdi? Peça-me sacrifícios, peça-me provas; mas não me feche assim de todo o coração. É generosa para com todos, e só para mim...

- Que quer? - disse Margarida, afastando com as mãos trémulas os longos cabelos negros, que se lhe haviam desprendido pelos ombros. - Que me vem pedir aqui? Para que vem lembrar- -me o passado que, primeiro do que eu, deixou esquecer? Deseja a minha estima, a minha confiança... Confiança em quê? No seu carácter?... bem sabe que não desconfio da nobreza dele; no seu coração? - e a voz tremia-lhe ao acrescentar: - ai, no seu coração...

para que deseja que eu me ocupe do seu coração, Daniel? Por piedade não me fale assim! Se soubesse o mal que me faz, se soubesse...

Ó meu Deus! eu a dizer isto e este cadáver a pedir-nos orações!

Daniel... Sr. Daniel, peço-lhe que me deixe rezar.

- E vai rezar com a alma cerrada aos sentimentos de piedade, Guida?

- Daniel! - repetia Margarida, quase suplicante.

Naquela posição, com aquele olhar, pronunciando-lhe assim o nome, tão sentida e singelamente, a simpática pupila do reitor acabou por dominar de todo o coração de Daniel.

- Margarida! - exclamava ele - não vê que essa desconfiança me mata? Por piedade!

Margarida julgou perceber não sei quê de sentido e de apaixonado na voz e no gesto, que a imploravam assim.

Olhou algum tempo para Daniel, irresoluta; ia talvez estender- -lhe a mão, ia revelar enfim o seu segredo de tantos anos; o mesmo pensamento porém, que a obrigara a guardá-lo até ali, fê-la recuar mais uma vez.

Mas Daniel tinha-lhe percebido já a hesitação; bastou-lhe um instante para convencer-se de que não era com a indiferença, que teria a lutar.

<< Página Anterior

pág. 313 (Capítulo 41)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 313

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316