Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: VIII

Página 47

Passados alguns momentos, Margarida despertou. Ao lembrar- -lhe que adormecera com o trabalho mal principiado ainda, apertou- se-lhe o coração, e a pobre criança juntou as mãos de desesperada.

Mas que espanto ao ver espiada a roca e fiadas as estrigas que lhe haviam dado por tarefa!

A sua primeira ideia foi que tinha sido aquilo um milagre da Senhora, a quem se havia encomendado, e cujo auxílio fervorosamente suplicara. Tinham-lhe contado a lenda daquela freira, que, abandonando um dia a ermida da Virgem, de quem era devota, cega por uma paixão mundana, voltara mais tarde às portas do claustro, coberta de arrependimento e de vergonha; e, quando esperava encontrar recriminações e opróbrios, soube que ninguém lhe tinha dado pela falta, porque a senhora se compadecera dela, e revestindo a sua imagem, viera todos os dias fazer o serviço da clausura.

Margarida acreditou em outro milagre desse género, e com estas ideias se foi deitar, rendendo expansivas acções de graças à Virgem, por tão miraculosa intercessão.

Mas, pouco a pouco, a verdade foi-lhe aparecendo mais distinta, e pela madrugada acabaram de confirmá-la alguns vestígios evidentes de Clara ter estado junto de si nessa noite, e enquanto ela dormia; denunciou-a um lenço que deixara cair na pressa com que voltara à alcova.

Nessa manhã, pois, Margarida aproximou-se da irmã, e beijou- -a com efusão.

- Obrigada, Clarinha. Deus te há-de recompensar essa bondade.

- Se achas que mereço alguma recompensa, porque ma não dás tu mesma, Guida?

- Eu, meu coração? Que recompensa podes esperar de uma pobre?

- Que não queiras muito mal a minha mãe, por tanto que te mortifica, e que... me tenhas um pouco de amizade.

- Querer mal a tua mãe, doida! e posso eu querer mal a quem me dá o pão, de que me sustento, o tecto e os vestidos que me cobrem? Que eu nada disso tenho, Clarinha.

<< Página Anterior

pág. 47 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro As Pupilas do Senhor Reitor
Páginas: 332
Página atual: 47

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 6
III 12
IV 16
V 25
VI 31
VII 35
VIII 43
IX 52
X 59
XI 65
XII 74
XIII 81
XIV 88
XV 95
XVI 102
XVII 109
XVIII 119
XIX 127
XX 134
XXI 139
XXII 147
XXIII 153
XXIV 161
XXV 170
XXVI 179
XXVII 187
XXVIII 192
XXIX 198
XXX 212
XXXI 219
XXXII 225
XXXIII 232
XXXIV 240
XXXV 247
XXXVI 256
XXXVII 261
XXXVIII 271
XXXIX 280
XL 296
XLI 306
XLII 316