O Conde de Monte Cristo - Cap. 79: A limonada Pág. 766 / 1080

- Ah! - exclamou a Sr.ª de Villefort. - E porque não de vinho? A limonada faz muito mal.

- A limonada estava ali, ao alcance da sua mão, na garrafa do avô. O pobre Barrois tinha sede e bebeu o que encontrou.

A Sr.ª de Villefort, estremeceu. Noirtier envolveu-a no seu olhar profundo.

- Ele tem o pescoço tão curto!... - observou a Sr.ª de Villefort.

- Senhora - insistiu o marido -, perguntei-lhe onde estava o Sr. de Avrigny. Em nome do céu, responda!

- Está no quarto de Édouard, que se encontra um pouco indisposto - respondeu a Sr.ª de Villefort, na impossibilidade de se esquivar mais tempo à resposta.

Villefort correu para a escada, a fim de ir buscar o médico pessoalmente.

- Toma - disse a jovem senhora, dando o frasco de sais a Valentine. - Com certeza que o vão sangrar. Vou para o meu quarto, porque não posso suportar ver sangue.

E seguiu o marido.

Morrel saiu do canto escuro onde se escondera e ninguém o vira, tão grande era a preocupação.

- Vá-se embora depressa, Maximilien - disse-lhe Valentine -, e espere que o chame. Vá Morrel consultou Noirtier por um gesto. Noirtier, que conservara todo o seu sangue-frio, fez-lhe sinal que sim.

O rapaz apertou a mão de Valentine ao coração e saiu pelo corredor oculto.

Ao mesmo tempo, Villefort e o médico entravam pela porta oposta.

Barrois começava a voltar a si. A crise passara, as suas palavras voltavam a ser lamentosas e levantava-se apoiado num joelho.

Avrigny e Villefort deitaram Barrois num canapé.

- Que manda, doutor? - perguntou Villefort.

- Tragam-me água e éter. Não o tem em casa?

- Tenho.

- Corram a buscar-me essência de terebentina e um vomitório.

- Vão! - ordenou Villefort.

- E agora saia toda a gente.

- Eu também? - perguntou timidamente Valentine.

- Sim, menina. Sobretudo a menina - respondeu rudemente o médico.

Valentine olhou o Sr. de Avrigny com estranheza, beijou o Sr. Noirtier na fronte e saiu.

Atrás dela, o médico fechou a porta com ar sombrio.

- Veja, veja, doutor, ele está a voltar a si. Foi apenas um ataque sem importância.

O Sr. de Avrigny sorriu, sem no entanto perder a sua expressão carrancuda.

- Como se sente, Barrois? - perguntou o médico.

- Um pouco melhor, senhor.

- Pode beber este copo de água eterizada?

- Vou tentar, mas não me toquem.

- Porquê?

- Porque me parece que se me tocassem, nem que fosse só com a ponta do dedo, o acesso se repetiria.

- Beba.

Barrois pegou no copo, aproximou-o dos lábios roxos e bebeu cerca de metade do líquido.

- Onde lhe dói? - perguntou o médico.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069