A Queda de um Anjo - Cap. 29: Capítulo 29 Pág. 163 / 207

Dada a resposta, o criado rodou solenemente nos calcanhares, e deixou o mestre-escola com o nariz num orifício da grade, e os olhos noutros orifícios, espreitando os maciços de murtas, que escondiam a fachada da casa.

Daí a pouco lobrigou ele entre os arbustos um galhardo homem com uma senhora pelo braço, atravessando vagarosamente para um bosque de aveleiras.

Fitou-se nele; mas não viu coisa que lhe desse lembranças do fidalgo da Agra. Cuidou que o tinham enganado os lisboetas, e desandou para a hospedaria.

Novamente informado, resolveu esperar que o morgado entrasse às dez horas, consoante o costume.

Sentou-se à porta do pátio.

Viu entrar um empavesado sujeito retorcendo as guias do bigode, com os olhos postos na lua através de uma luneta. Levou urbanamente a mão ao chapéu. Calisto, divertido pela acção civil do sujeito, ia corresponder, quando reconheceu o mestre-escola.

— Você aqui, Brás! — disse ele.

O professor arregaçou as pálpebras, e exclamou:

— Que vejo! a voz é a do fidalgo!

— Sou eu, não tenha dúvida nenhuma.

Brás levou a mão à testa, e da testa ao peito, e de um ombro ao outro, murmurando:

— Em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo! Coisa assim nunca os meus olhos esperaram ver!… V. Exa. é outro homem!… Eu estarei a dormir! — e esfregava os olhos, desconfiando seriamente que estava sonhando.

— Entre cá dentro — disse o morgado.

Entrados à sala, perguntou o fidalgo com um ar seco:

— Que novidade o traz aqui?





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